14 setembro 2013

Aço, kevlar, vidros e balas

Olá,
 
Neste post não vou atacar o preço absurdo de um carro, peça ou revisão. Também não vou alertar sobre custos extras, taxas ou outros gastos.
Então, avisado, começo o post assim;
 
Quando morei em São Paulo, fui assaltado no trânsito algumas vezes.
 
Não é agradável para ninguém ser assaltado, claro. Mas, no meio do trânsito é ainda pior pois não se tem para onde fugir, os motoristas ao seu lado não fazem nada e, após a entrega do que foi pedido, você permanece alí preso, apavorado, dando graças a deus que não foi morto e ainda pensando no que fazer a seguir; se vale mesmo a pena ir na delegacia perder tempo para registrar um B.O.
 
Desesperados..
 
A uns 8 anos atrás, um colega meu havia ganho um bom carro de seu pai, um presente. Mas, antes de assumir o volante do brinquedo, o veículo foi enviado para blindagem.
Na época achei meio obsurdo pois o carro bom era na verdade um popular com alguns opcionais e que, com o peso extra de armadura, não imaginava como o carro ia conseguir andar ou quanto iria resistir. Nesta mesma época eu também trabalhava com uma montadora de veículos que vendia um jipinho "blindado de fábrica" -por quase o dobro do preço- e, anotava em meu caderninho que sempre alguém perguntava sobre esta versão específica. Também por esta data um familiar sofreu uma tentativa de assalto na Av. Morumbi.. avançou o sinal para fugir mas ficou presa no trânsito; os assaltantes foram até ela e balearam o carro, sem levar nada (ela não morreu). Pouco antes de vir para cá -sendo um dos motivos para sair de SP- o pai de uma amiga faleceu em assalto armado no trânsito, acabando também com a família em sí.
 
E, não sendo eu louco, pessimista ou contador de histórias, a tempos o mercado de carros blindados vê no desfortúnio de uns, a oportunidade de crescer, como mostra a matéria a seguir (clique aqui). O texto "tenta-se" explicar, por um modelo matemático meio duvidoso, que a quantidade de carros blindados está maior pois, além da violência, o carro blindado está mais barato.. na verdade não mais barato, ele custa ainda o mesmo mas, como o dinheiro desvalorizou, consequentemente ele ficou mais barato. E como a violência não para de escorrer pelas ruas, o útil uniu-se ao agradável.
 
Você está seguro assim?
 


Isso traz exatamente o cenário que meu amigo viveu, no começo do post.. cada vez mais, agora, carros populares se submetem a lipoaspiração inversa da blindagem.
Fiates, fordinhos e gravatinhas passam a ter muito mais que a semelhança de não poderem abrir suas janelas traseiras e de gastarem pouco no trânsito.. eles se tornam a materialização da falência de nosso convívio civilizado.

05 setembro 2013

Dois carros, por três anos.

Olá amigos e pacientes,
 
Em alguma postagem atrás eu comentei de como me parecia caro ter um carro e sustenta-lo...
Esse gasto torna-se uma navalha quando penso que grande parte das pessoas que compram um carro, não pagam a vista e mordem um empréstimo do estelionatário bancário (pois os 150 mil carros mais vendidos em Agosto são populares).
Ou seja, para eles um carro novo sai o valor de uma das 60 parcelas.. uns 500 reais mais ou menos, SOMADOS com o gasto mensal de gasolina, impostos e serviços.
Daí saiu uma matéria na Folha (link no fim)..
 
Essa é uma conta que não entra na cabeça das pessoas com quem tenho convesado, infelizmente.
A maioria responde importar-se com a atuação do vendedor, o prazo de entrega ou a "facilidade" de financiamento. Outros, para mostrarem-se entrosados no assunto, até falam de preços de revisões até determinada quilometragem (que se torna uma escuridão de dúvida após esse período pois as peças importantes duram pouco mais que este período).
 
[PAUSA]
Duvida, né? Ok..
Dê uma olhada no manual ou na referência de seu veículo, onde consta as peças a serem trocadas "tabeladamente" e repare que a maioria dos serviços é de troca de filtros ou algum líquido.
Ítens como bomba de gasolina, bomba de água, bomba de óleo, correias dentadas, corpo de borboleta, juntas, assentamento de válvulas, coxins e etc não estaram nesta lista pois foram projetados para NUNCA falhar (em 94,5% dos casos) dentro deste período.
E não é porque montadoras se preocupam com a qualidade, mas sim porque até este momento eles conseguem te vender o período "barato" da manutenção (leia-se manutenção mal feita).
Daí, outra solução "Zeca Carioca" adotada pelo dono do veículo é vender o carro ao fim deste período e passar ele pra frente já que agora ele se tornou um problema...
Todos os malandros acham que são os únicos a pensar assim.
[PLAY]
 
Mas, enfim.. os gastos com o carro novo deveriam ser projetados no ato da compra, para que o comprador saiba onde está "investindo" sua homem/hora de trabalho. Como se a montadora fosse uma parceira real no pós venda, preocupada com seu cliente após ele pagar pelo produto.
 
Só que a labia -do vendedor- teria de ser muito boa pois o produto seria mais ou menos assim;
"Te vendo um carro hoje, que te custará por dois daqui a três anos, mas valerá quase a metade"
 
Eu sei, eu sei.. um absurdo o que eu escrevo.. mas, de acordo com o levantamento da matéria que eu citarei abaixo, um carro popular, de R$32mil, custa os mesmo R$32mil para ser mantido ao longo de 3 anos.. é um salário mínimo por mês, por ser seu.. fora o que o banco está lhe cobrando também.
 
fonte: Folha (clique aqui)

 
A matéria até diz que os compradores estão mais racionais, nas recentes pesquisas.. mas como estamos apresendo crescimento na quantidade de veículos comprados, mês após mês, não sei qual o fator racional que se está sendo medido; descascar uma banana ou abrir uma porta pois análise de custo é que não é.
 
 
Parei por hoje..