28 abril 2013

Perdendo tempo

Eu assino uma revista de automóveis... e nela tem uma parte chamada de Tabela de Preços. É uma tabela simples, de marcas e modelos de carros nacionais, Mercosul e México, contendo preços tabelados, preços praticados, opcionais e até a desvalorizações de alguns carros, após um ano. Desvalorização esta creditada à pesquisa da AutoInforme apuradas para São Paulo - SP no mês anterior ao da revista que estou usando como referência.
 
Desvalorização = dinheiro = tempo
 
Esses valores de desvalorização são bem miudinhos e em azul.. mas, -fiz aqui- com cálculos de probabilidade sobre todas as 216 desvalorizações apresentadas, encontrei um resultado interessante, onde mostra que o carro nacional vai desvalorizar cerca de 15,6% ao longo de um ano, com desvio padrão de 2,8 pontos percentuais independentemente de seu dono, modelo ou uso.
E que significaria esses dois valores, né minha gente? Significa que a o valor perdido do carro, em um ano, é de 15,6%, claro. Mas, para saber os valores máximos e mínimos de desvalorização para determinada parte do mercado nacional, daí devemos utilizar também o desvio padrão.
Calma, pois trata-se de uma operação simples; Se quisermos qual desvalorização de, digamos, 65% de todos os carros nacionais, devemos somar e subtrair um desvio padrão (2,8%) à média (15,6%), encontrando um intervalo de valores. Assim, para 65% do mercado, a menor desvalorização será de 12,8% e a maior de 18,4%. Para sermos ainda mais amplos, buscando a desvalorização em 95% de todo o mercado nacional, devemos somar e subtrair dois desvios padrão à media, encontrando a menor perda em 10% e a maior perda em 21,2%, ambos sobre o valor pago no automóvel, na loja.
 
Desvio padrão
 
Meu irmão, a exemplo de diversos brasileiros, quando tem sorte, trabalha somente 44 horas por semana. Ao longo de um ano, ele trabalha quase 48 semanas, já que existem feriados e férias, totalizando assim, com sorte, 2112 horas de trabalho.. ele, também como exemplo de diversos brasileiros, que comprar um carro "zero". E ele não quer qualquer carro; de forma semelhante a muitos brasileiros, ele quer um que custa praticamente um ano de trabalho mas que, financiado em alguns anos, sai baratinho por mês..
 
Se ele concluir essa compra, a exemplo de outros brasileiros, daqui a um ano ele vai ter perdido cerca de 7,5 semanas de trabalho... ou melhor; serão 7,5 semanas vezes 44 horas por semana, totalizando 330 horas trabalhadas mas, "DE GRÁTIS", em função APENAS da desvalorização de seu bem material e, ainda, sem considerar gastos como taxas de governo, seguro, combustível e manutenção. Na melhor das hipóteses, ele vai trabalhar de graça apenas 211 horas (4,8 semanas), se o carro dele tiver a menor desvalorização do mercado, de 10%... :(

(P.s.: E nós ainda tratamos de carro como investimento)

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