23 agosto 2013

O IPI e o estrangeiro

As vendas de carros continuam aquecidas!

Como o governo cedeu às montadoras em continuar com a redução do IPI sobre veículos, nos mesmo valores atuais e até o fim de 2013, para muitos isso pareceu ser a hora certa de finalmente adquirir um bem material que, além de transporte individual no trânsito, serve como destaque entre os vizinhos.
Para o Brasil representou R$ 2,2 bilhões a menos na conta (leia aqui), deixados de ser arrecadados, entre Maio e Dezembro de 2013.

Poucos sabem quanto que era esta taxa, antes da redução.. mas, como dizem ter havido uma redução, todos devem crer que a redução é um bom desconto! E todos gostamos de desconto, eu acho.

O mais interessante é que foi observado por economistas e, através de relatórios emitidos pelo Banco Central, que a redução de IPI entre 2008 a 2010 e a entre 2013 aos dias atuais, além de incentivar o consumo non-stop de carros, incentivou as montadoras ditas nacionais a enviar mais dinheiro a suas matrizes (leia-se Sede) no exterior.
E não é pouca coisa; desde 2009 o setor automotivo enviou mensalmente R$130 milhões às suas Sedes industriais no exterior.
 
Ou seja, a montadora "nacional" WV, a MG, a taiF e a tluaneR (60% do mercado) por exemplo, líderes nas vendas, consecutivamente mês após mês, pegou esse dinheiro a mais, gasto pelo impulso dos clientes em aproveitar a redução dos impostos e, "investiu" na sua Sede no exterior. Pegou dinheiro daqui e tapou buracos de lá pois, como também é divulgados nos meios de comunicação; a Europa e o Euro estão mal das pernas.


Muito pior que pagar a conta de Italianos, Franceses ou Alemães incompetentes em seus gastos, ficamos tropicalmente sem o dinheiro que poderia ser arrecadado com o tal IPI... ou, se preferir, ficamos sem uma guarda de uma parte desse dinheiro enviado ao exterior.
(Some esta matéria a recente tentativa do governo controlar a compra e venda de dólares.. tentando evitar que pessoas e investidores façam o que as montadoras "nacionais" já fazem a tempos).

Assim, com esse volume de dinheiro extraviada ao estrangeiro, de forma investida, o dinheiro deixa de atualizar nossas tecnologias e máquinas, nos nossos polos industriais e o imposto deixa de ser gasto (mesmo que em parte e de forma corruptiva) nos gastos da máquina pública.
Presos a este ciclo, pois a indústria automotiva é grande e protegida, continuaremos a construir carros cacarecos em máquinas desatualizadas, com qualidades muito a quem das oferecidas pelos seus equivalentes internacionais, mas permitindo que estes continuem a crescer e evoluir sobre nossas custas.

Então, a parte boa do desconto, a tal redução, acaba apenas por prejudicar-nos e em mais de uma maneira.
 
 
A saber:
Alíquotas do IPI:
  • Para carros populares (até 1.0): Antes era de 7%, agora está em 2% - e assim permanecerá até o final de 2013. Sem essa decisão do governo, o IPI destes carros subiria para 3,5% de abril a junho e a alíquota de 7% seria retomada a partir de julho;
  • Para carros com motores de 1.0 a 2.0 (flex): Antes era de 11%, agora está em 7%. Se a decisão de prorrogar a atual alíquota não fosse tomada pelo "Gov", a taxa subiria para 9% entre abril e junho e avançaria para 11% a partir de julho deste ano;
  • Para carros a gasolina, 1.0 a 2.0: Antes era de 13%, agora está em de 8%. Sem o desconto ela subiria para 10% entre Abril e Junho e para 13% a partir de julho deste ano;
  • Para utilitários: Antes era 8%, agora está em 2%. Sem a prorrogação, o IPI subiria para 3% de Abril a Junho e 8% a partir de Julho;
  • Apenas para veículos acima de 2.000 cilindradas, a alíquota permanece inalterada em 25% para os veículos a gasolina e em 18% para os carros flex.

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